Programa Globo Repórter fala sobre os mistérios da memória

Programa exibido pela Rede Globo mostra os pacientes que tiveram Covid que passaram a ter problemas de memória e a neurociência por trás da fascinante capacidade de lembrar dos fatos

publicado 13/05/2022, atualizado 13/05/2022

por Alan Cronemberger Andrade

Quem não esquece alguma coisa uma hora ou outra? Será que isso é normal? Nessa sexta, maio de 2022, o programa da TV aberta falou sobre os mistérios da memória. O programa e sua reportagem deram um panorama sobre esse interessante domínio da cognição, que é sempre desafiador e traz muita curiosidade. Como ela é muito presente na nossa vida, a memória acaba sendo fundamental para que possamos executar, planejar e avaliar o mundo a nossa volta, e montarmos o quebra-cabeça da nossa própria história, fatos recentes e passados. 🧩

Já no início do programa, a Rede Sarah apresentou o seu trabalho de pesquisa e de reabilitação de pacientes com possíveis sequelas de Covid. Para quem não sabe, a Rede Sarah, é um órgão público ligado ao nosso Sistema Único de Saúde (SUS) e emprega boa parte dos seus esforços para tratamentos de reabilitação. Sem dúvida, os colegas médicos da Rede tem tido um grande trabalho durante e após a pandemia! São muitas sequelas potencias, tanto respiratórias, quanto neurológicas, envolvendo assim também a memória.

Nós neurologistas temos grande preocupação quando o cérebro deixa de comandar funções que são importantes para o nosso dia a dia. O programa relatou o problema de memória em adultos jovens após infecção pela Covid. Isso nos preocupa muito, pois ainda não sabemos de todas as consequências. O problema pode ser sério. Pessoas que estão com suspeita de Covid longa tem muitas queixas de memória, algo que é confirmado pelas suspeitas, como a deste estudo, que mostrou que após 8 meses da Covid uma boa parte das pessoas relatam perda de memória. Cerca de 11% das pessoas tinham as queixas.

Os super-idosos também foram destaque: são idosos que tem uma capacidade de memória acima do normal para a idade deles, já que conseguem lembrar e tiram "notas melhores" nos testes cognitivos. Antônio Fagundes foi destaque como alguém com mais idade e que tem boa capacidade de memória, pois, como ator, ele precisa recordar de textos e falas nas suas peças, novelas e filmes. Com o envelhecimento, podemos perder algumas capacidades que tínhamos quando jovens, mesmo que isso não signifique que temos uma doença, como a doença de Alzheimer. Por isso, a preocupação de termos boas capacidades é real, e sem dúvida algo que queremos para nós mesmos e nossos familiares.

A memória também poderia ser corporal, quando precisamos recordar e executar os movimentos aprendidos e condicionados. Há muitas discussões sobre a existência de uma memória que excede os limites do cérebro. Esse tipo de execução de tarefas corporais também envolve uma boa dose de memória de trabalho, um tipo de memória que se combinada com os movimentos, faz o dançarino executar com destreza os passos que decora. A coreógrafa Deborah Colker mostrou no programa que a "memória do corpo" seria de grande importância para uma boa performance de dança.

Também foi falado sobre os motoristas, a habilidade de dirigir, e sobre a nossa capacidade de navegar no espaço, também chamada de "neuronavegação". Além da memória do próprio corpo e da posição dele com os membros e partes do corpo no espaço, temos que também nos referenciar em relação ao todo que nos cerca: as casas, as ruas, as praças, as linhas de metrô, os caminhos dos carros, tudo que faz parte da nossa própria geolocalização, uma habilidade especialmente desenvolvida pelos taxistas. 🚕

E aí, qual parte da sua memória é boa? O que você tem feito para melhorar e preservar a sua memória? 🧠